A formação do jovem leitor e os e-books Imprimir E-mail

O papel das livrarias na formação do público infanto juvenil e o desempenho dos e-books no mercado brasileiro e internacional foram temas discutidos no Salão FNLIJ que prossegue até dia 16 em sua décima quinta edição. O tom foi de otimismo com algumas sombras.

 

O Salão FNLIJ tem como tema este ano a ilustração de livros e reúne 71 editoras em 85 estandes até dia 16

O Salão FNLIJ tem como tema este ano a ilustração de livros e reúne 71 editoras em 85 estandes até dia 16

 

A presidente do Conselho Diretor da Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil, Isis Valeria, mediou o encontro e disse que o mercado do livro infanto juvenil no Brasil cresceu e se profissionalizou. Um giro pelas dezenas de estandes do Salão, no Pavilhão de Convenções da Sul America na Cidade Nova, comprova o avanço.

Mas segundo ela, para formar leitores permanentes fora da escola o único caminho é criar nos jovens o hábito de frequentar livrarias. Para o público leitor no Brasil, de 88 milhões de pessoas , correspondente a 50 % da população, existem em todo o país apenas 3 480 livrarias.

Pior é a situação da Colombia, país homenageado este ano no Salão FNLIJ. A livreira Maria Osório, da Babel, em Bogotá, disse que em seu país há uma escassez de livrarias absoluta e preocupante. São apenas 78 para uma população de 44 milhões de habitantes.

Desse total 26 formam a Associação Colombiana de Livreiros Independentes e o restante são lojas divididas entre duas redes. Maria do Carmo diz que os independentes têm a preocupação de formar leitores e que uma livraria não pode apenas vender como uma multinacional.

O presidente da ANL, Ednilson Martins, da Cortez, elogiou o caráter internacional do 4o encontro de livreiros do Salão FNLIJ que pela segunda vez tem um país latino americano como convidado. Disse que os brasileiros costumam olhar para a Europa e que é preciso que os latinos estejam mais integrados.

Sobre o futuro das livrarias no país o clima era de otimismo. Vitor Tavares, da Loyola, vice presidente da Câmara Brasileira do Livro, acredita que o futuro de uma livraria só fica comprometido pela má gestão e que tecnologias como o e-book vieram para agregar valor. Para ele uma boa livraria hoje tem de ser um local de entretenimento.

Marcos Teles, da Leitura, diretor da ANL, começou 2013 com 36 lojas e prometeu inaugurar mais seis até o fim do ano em novos mercados como Jundiaí no interior de São Paulo; São Luiz, no Maranhão; e Campo Grande subúrbio do Rio de Janeiro.

Todas com cerca de 500 metros quadrados localizadas em shoppings e com outros produtos além de livros. Segundo ele, algumas táticas para levar o público infantil até elas são os contadores de histórias em horários fixos e a programação de visita de escolas

Benjamim Magalhães, da Livraria da Travessa, diretor da ANL, também vê com otimismo o mercado brasileiro. Diz que temos livraria fantásticas como não se vê no resto do mundo. Para ele, as livrarias do século XXI retomam características das pioneiras do século XIX que vendiam não só livros como também outros produtos.

Segundo Benjamim, hoje uma boa livraria tem de ter ambientação. A Livraria da Travessa, além de livros , CDs e DVDs, está comercializando Lego e câmeras fotográficas analógicas. Também já vende e-books há um ano embora a procura permaneça insignificante.

No Brasil o percentual de e-books vendidos gira em torno de 0,5%. Nos Estados Unidos, onde existem há 20 anos o índice estacionou em torno de 25%. Na Europa os números são menores, sendo o maior na Inglaterra com 15% do total de vendas. Na China há o maior índice de rejeição ao livro eletrônico, 72% dos leitores dizem que não vão usar.

Augusto Kater, da Santuário, vice presidente da ANL colocou em termos de luz e sombra os prós e contras do e-book, sendo a maior sombra as multinacionais como Google e Amazon que, 6 meses depois de entrarem no país, já detém dois terços do mercado. Mas Augusto acha que todos podem vender o e-book e que o hábito de leitura é mais importante que a forma.

O presidente da AEL, Antônio Carlos de Carvalho, da Galileu se mostrou alarmado com a fascinação que smartphones, jogos eletrônicos e redes sociais exercem sobre crianças e jovens. Suplanta hábitos de lazer tradicionais como até mesmo ir à praia e os afasta da leitura. Por isso, fez um apelo ; “Precisamos salvar as nossas crianças”.