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O livro digital hoje


Em 2016, o apocalíptico  ataque do livro digital  é uma ficção do passado. Livrarias  se recuperam em países como Estados Unidos e França e a Amazon, líder na venda de e-books inaugura livrarias físicas. Especialistas garantiram no 6º Congresso do Livro Digital da CBL que o livro tradicional  não acaba vai acabar.

 

Pesquisa publicada em setembro  pelo Pew Research Center, nos Estados Unidos, mostra que, o número de norte americanos que leu um livro impresso nos últimos 12 meses (65%) é mais que o dobro daqueles que leram um e-book (28%).

Mesmo entre adultos jovens, entre 18 e 29, com mais acesso à tecnologia, a leitura do livro impresso permanece em alta: 72% disseram ter lido um  nos últimos doze meses.

O número de leitores de livros digitais nos EUA se estabilizou comparado  à pesquisa de 2014.  Mas mudou na forma da leitura que cresceu através de tablets e smartphones e se estabilizou através de e-readers. Somente 6% da população norte americana lê exclusivamente no formato digital.

No Brasil estima-se que o livro digital detenha uma pequena fatia entre 3 e 5% do mercado. Mas em alguns setores como na Livraria da Travessa a venda permanece um traço.

Segundo a responsável pelo setor, Patrícia Russo, poderia melhorar se a livraria tivesse sua própria plataforma de leitura.  Hoje a Travessa vende através das distribuidoras DLD e Sheriff que representam 80% do mercado editorial.

A Saraiva tem o leitor Lev e a venda de livros digitais têm crescido dois dígitos por ano, segundo disse ao site Publishnews o gerente da área digital Gustavo Mondo. Mas não  revelou números.

A Saraiva também tem a plataforma Publique-se onde promete que em um clique o seu texto será transformado em livro. Segundo Gustavo, são 11,3 mil livros publicados através da plataforma onde os autores também podem acompanhar as vendas.

A Livraria Cultura vende livro digital desde 2010. Em 2012  passou a comercializar o e-reader da Kobo. Segundo Maira Giosa, do segmento digital da livraria as vendas do aparelho  caíram um pouco este ano mas devem melhorar no próximo com o lançamento de dois novos modelos.

Apesar do baixo crescimento do livro digital entre nós o interesse do mercado  é grande e o público lotou  o auditório do  sexto Congresso Internacional do Livro Digital , dia 25 de agosto em São Paulo com ingresso a R$ 910  para não associados da CBL.

Glaucio Pereira, presidente, e Isaque Lerbak, diretor da AEL,  acharam o encontro produtivo, principalmente pela experiência e tendências apresentadas pelos convidados da Alemanha, Leander Wattig e Ronald Schild país em que ¼ da venda de livros é no formato digital e metade disso de autopublicados.

Isaque lamentou que o congresso não tenha tido representantes do mercado do livro digital norte americano, pois, para  ele o Brasil tem tradição em seguir as  tendências dos EUA e não da Europa.

A participação do gerente  brasileiro da Amazon, Alex Szapiro, convidado para falar sobre “O desenvolvimento do livro digital no Brasil” decepcionou  os diretores da AEL.

Para Isaque, o representante da Amazon, maior vendedora de e-books no mundo, assumiu a postura que a empresa tem no mercado; “Não foi debater. Disse o que queria, fez o que lhe convinha, saiu na hora que quis e não ouviu ninguém”.

Glaucio lembra que Szapiro pediu que  as perguntas da plateia lhe fossem enviadas por e-mail o que deu chance  para que selecionasse apenas o que tivesse interesse em responder.

Os dois livreiros cariocas não têm planos de comercializar o livro digital ainda. Para Glaucio, dono da Livraria República, com a facilidade, todas as livrarias irão ter  o e-book  mas não quer dizer que irão aumentar a receita com ele: “ Só a exclusividade na venda trará algum lucro”.

Para ele, além do digital, outra tendência a se consolidar é a do livro sob demanda. Livrarias na Europa e Estados Unidos já trabalham com a Espresso  Book Machine, que imprime o livro na hora e põe fim às dificuldades de distribuição e estoque.

Isaque, dono da  Livraria Eldorado,  acha que o seu site ainda não tem tráfego para o  e-book. Mas destacou a força da nova mídia lembrando que sua filha cursou arquitetura sem nunca ter pego um livro sobre o tema  na livraria dele. Toda a bibliografia  foi lida no digital.

 

6/9/2016