Uma bela surpresa A primeira edição da Ler – Salão Carioca do Livro surpreendeu pela dimensão do espaço, pela amplitude na abordagem do livro e da leitura e pela descontração que fez justiça ao adjetivo carioca. A AEL, uma das primeiras entidades a apoiar o evento esteve presente junto com 12 livrarias. Segundo o presidente da AEL, Glaucio Pereira, foi a primeira vez que um número expressivo de livrarias se reúne em um mesmo evento no Rio . Ressaltou a diversidade de debates,palestras, saraus e lançamentos na programação e acredita que pela dimensão o Salão Carioca do Livro tenha sido tão importante quanto a Bienal . Os armazéns dois e três do Pier Mauá foram o cenário que, de frente para o mar, deu o ar carioca à Ler, aliado à presença de livrarias tradicionais da cidade e uma série de atrações muitas vezes simultâneas nos quatro dias do evento na penúltima semana de novembro. Segundo os organizadores, um público de 84 mil pessoas visitou o Salão, onde houve atrações com 115 escritores, entre eles Luiz Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura e Ana Miranda, mais estrangeiros como a cubana Tereza Cardenas e os portugueses José Luiz Peixoto e Mario Lucio Souza. O escritor Raphael Montes, que participou de dois eventos, discutindo sua obra com o público em um deles, e debatendo sobre literatura de suspense com a escritora Ana Paula Maia no outro, aprovou. “Gostei bastante . A Ler complementa a Bienal do livro e a FNILIJ” disse ele .“ Vários dos meus leitores foram me ver e muitas outras pessoas pararam para assistir. A programação foi muito boa e um único problema foi no som devido a simultaneidade de eventos.” Raphael, que autografou seu novo romance Jantar Secreto, narrado por um livreiro, sugere também que no próximo Salão haja mais organicidade com uma melhor interação entre os eventos e as livrarias. Os livreiros participantes foram unânimes nos elogios à dimensão e beleza do evento mas houve controvérsia quanto à disposição das livrarias no armazém três, enquanto que a maior parte das atividades culturais acontecia no armazém dois. Para a irmã Flávia Vitorino, da Livraria Paulinas, o espaço com as livrarias pareceu ser um outro evento, embora tenha elogiado o lay out do Salão “ muito bonito, com cara de literatura” e a possibilidade que sua livraria teve de atingir um outro público. Susana Zanella da Paullus, acrescentou que a localização quase na saída do Salão prejudicou sua livraria mas não houve prejuízo financeiro com o evento principalmente graças ao maior movimento no domingo. Para Benjamin Magalhães, da Travessa, a Ler foi uma bela surpresa e as vendas superaram a expectativa. Segundo ele, o estande da livraria vendeu 915 livros e estava bem posicionado no armazém três por ter sido a Travessa uma das primeiras a aderir ao evento. A Ler teve predominância de livrarias independentes mas para Benjamin a presença das grandes como Saraiva e Cultura não incomodaria e “traria mais diversidade”. Para ele, a Ler não pode é se transformar em uma Black Friday do livro :” O Salão deve ser um painel de livreiros onde cada um mostre suas apostas de acervo.” Eliza Ventura, da Blooks, achou que de um modo geral os organizadores se saíram bem e que muito pouco precisa ser ajustado na Ler. Mas para ela o evento deve continuar apenas com as independentes ou todos vão vender a mesma coisa. “Não tinha idéia do que ia acontecer” disse ela ” Mas o resultado foi surpreendente e estou feliz. Vendi 890 livros”. A Blooks participou com dois estandes, sendo um infantil onde houve o maior volume de vendas. Embora não revele números, Daniel Louzada, da Leonardo da Vinci, diz que o balanço final foi muito positivo para a livraria e concorda com Eliza que o formato deva permanecer com livrarias e editoras independentes . Espera apenas que na próxima a divulgação ocorra com mais antecendência. A ampla oferta de livros na Ler impressionou porque além da venda houve uma estante para troca de livros sem custo e o espaço digital, onde lombadas de livros pintadas nas paredes tinham um QR Code que permitiu ao visitante baixar os títulos gratuitamente pelo celular. Houve também estandes de sebos que lucraram com livros usados. Silvia Chomski da Berinjela diz ter ficado muito satisfeita e que a idéia inicial era apenas fazer um marketing da livraria: “Estamos há 22 anos no mercado mas muita gente ainda não nos conhece”. A Berinjela se uniu ao Sebo Baratos para ocupar um espaço na varanda do evento, de frente para o mar. As duas livrarias já tinham comemorado aniversário numa festa no Teatro Odisséia mas foi a primeira vez que venderam juntas. Para incrementar promoveram vários eventos junto ao espaço que ocupavam. Maurício Gouveia, do Sebo Baratos disse que foram 11 eventos paralelos à programação oficial produzidos por eles próprios entre debates como Memórias das livrarias e sebos do Rio de Janeiro, com o jornalista Álvaro Costa e Silva e shows como o de Vulcana V e Homobono que se intitulam cantautores. Ele espera que nas próximas edições a Ler se volte para a classe C já que classes mais abastadas não frequentam, em sua opinião, feiras para compra de livros e nessa edição a oferta de alimentação a cargo de food trucks estacionados na varanda dos armazéns tinha preços salgados. Do lado de fora do armazém três houve mais integração com a população do entorno através de 15 barracas que vendiam comidas típicas das quituteiras da Pequena Africa e onde houve uma programação de shows e saraus com curadoria da Casa Porto, situada na região. A AEL participou da Ler com um estande em que divulgou suas ações e reinvidicações como a isenção de IPTU para as livrarias, inclusão do vale do livro dos professores na política municipal do livro e leitura e a campanha contra a venda de livros nas escolas pelas editoras. Veja abaixo o vídeo que ficou em exibição no estande.
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