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O livreiro pós-moderno


Paulista de Taubaté, Maurício Andrade Gouveia foi para o mercado de livros por acaso mas conquistou espaço no cenário cultural carioca com o sebo Baratos da Ribeiro,  trocadilho com o endereço  na rua Barata Ribeiro, em Copacabana.

Durante 15 anos a loja deu um ar cult ao trecho da rua, em que predominam bares e comércio, com  o letreiro  em forma de painel onde o rosto desenhado de uma mulher loura que, ao ver a chegada de insetos  armados com livros, discos, instrumentos musicais, grita através de um balão de histórias em quadrinhos: “Baratos da Ribeiro”.

A imagem remete ao trabalho do artista norte americano Roy Lichtenstein, da pop art, famoso pelos quadros com a estética das histórias em quadrinhos e ao acervo do sebo onde além de literatura e ciências humanas, o destaque vai para a cultura pop, o que inclui arte, quadrinhos, cds e discos de vinil.

O autor do paínel  é o quadrinista  Eric Judson que  trabalhou na revista em quadrinhos MOSH!  de temática rock. A livraria realizou seus primeiros shows para promover a revista  que, por sugestão de  S. Lobo, um dos editores, foram batizados de Vespeiro.

A relação de Maurício com sebos começou na infância através das histórias em quadrinhos. Seu pai de ideologia nacionalista só lhe dava dinheiro para a compra dos nacionais como Mônica e Cebolinha, também porque achava Batman, Capitão América e Super-Homem violentos, o que levava Maurício a procurar as revistas proibidas nos sebos a preço reduzido.

Já o gosto pela música fez que criasse na loja, o Clube do Vinil, programa de rádio e promovesse shows ao vivo que juntavam jovens na calçada nos dias de evento.  Em 2015 a Baratos se muda para Botafogo, e a antiga loja vira mais um bar.

No novo endereço, a livraria troca o nome para Sebo Baratos. Ali, está em uma casa grande e antiga que foi a Casa Poema, da escritora e atriz Eliza Lucinda e antes, na década de 80, a Maison, da então modelo Monique Evans.

Por medidas econômicas Maurício morou no mesmo endereço da livraria por um ano com sua segunda mulher, Beatriz Andrade Gouveia, professora, que descreve a experiência como pior do que ter morado em Angola, devido à perda dos limites entre o universo profissional e o privado.

Já para os clientes, o novo endereço deu a sensação de aconchego por ser em  uma casa e pela presença de um  pequeno pátio interno com mesas onde é possível conversar, tomar um café, cortesia da livraria, e até fumar, já que é espaço aberto.

Ali o sebo revela o lado contemporâneo, com os encontros para sessões de literatura e música onde os clientes podem se aventurar como DJs. Apesar de vender usados a Baratos também faz lançamentos de novos que, segundo Maurício, são parte de uma programação cultural basicamente feita pelos próprios clientes que acabam se tornando amigos.

Maurício diz que a esmagadora maioria de seus amigos conheceu como clientes da loja e critica os prejuízos que o mundo virtual causa às relações humanas. Ele foi um dos pioneiros no uso da internet para o comércio de livros no Brasil, mas hoje não vende à distância, e diz que está se tornando quase um ludita.

 

 

O que mudou com a saída de Copacabana para uma rua tranquila em Botafogo?

A mudança era inevitável; fomos vítimas da bolha imobiliária que elevou os aluguéis a um patamar inviável. Poderíamos ter um leque de escolhas maior se esperássemos um tempo. Era final de 2014; a crise havia começado mas o mercado imobiliário ainda estava com aquela ilusão megalomaníaca. O novo endereço é muito mais agradável. Para mim, com relação à rotina do trabalho, e é o que também ouço de todos os clientes. Tenho uma super cabine para os eventos com música. Lá em Copacabana era metade do espaço, tínhamos de montar o equipamento a cada evento; trocar os móveis de lugar. O fato de ter um movimento menor na rua tem um lado positivo; não temos de responder às perguntas bobas de quem caiu de paraquedas e não tem ideia do que é um sebo. A grande maioria dos que entram já veio com essa intenção. Isso por causa da clientela fiel que formamos nos 15 anos em Copacabana. Claro que perdemos uma parte dela e formamos outra. O carioca é preguiçoso para deslocamento. Quem é da Zona Sul não vai à Zona Norte, nem até a Tijuca. O carioca da Zona Sul tem de ter um pouco mais de pudor em explicitar sua preguiça quase pornográfica. Infelizmente uma mudança como a nossa é suficiente para sairmos do radar dessas pessoas. Por outro lado é intrigante como Botafogo é tão mais próximo para a galera do subúrbio do que Copacabana. É uma estação de Metrô apenas, mas acho que se sentem mais à vontade. Tenho sentido mais a participação do pessoal da Zona Norte e Oeste.

À noite, Botafogo está mais movimentado que Copacabana?

Quanto à noite me frustei um pouco. Essa movimentação que fez com que, em uma reportagem, o El País chamasse Botafogo de o Soho carioca era para mim indício de uma classe média com razoável poder aquisitivo e culturalmente ativa. Empiricamente descobri que gente tomando cerveja raramente é cultura. Restaurante não é cultura, bar não é cultura e jovem não é cultura. Gente gritando na frente de um telão com um jogo não é cultura. É falta de educação. Há setores econômicos que tentam se embalar na cultura porque dá mais charme e facilita o diálogo com o poder público. Um polo gastronômico reconhecido, se não tiver incentivo, ou isenção de taxa, no mínimo é melhor recebido pelas autoridades. Todo mundo quer parecer atividade cultural. São restaurantes e bares que funcionam como ponto de cultura quando o Aldir Blanc vai lançar um livro ou tem um sarau de poesia, o que não é o tempo todo. Se for só gente descendo cerveja goela abaixo não tem nada cultural, mesmo que seja uma cerveja artesanal com nome de personagem de Guimarães Rosa.

Botafogo teve um papel na sua iniciação como livreiro?

No número 13, desta rua da Baratos havia  o restaurante  La Folie, onde a Norma, uma livreira judia tinha uma estante com livros usados. Eu era estudante de jornalismo na UFRJ, passava por aqui todo dia para comprar algum livro, tomar uma cerveja e foi onde conheci o Marcelo Latcher, do Banana Books, uma livraria virtual, aqui em Botafogo. Mas a virtualidade dela, nos anos 90, era só o catálogo que dava aos clientes em disquete e não em papel. Ele ficou sócio do sebo João do Rio, no Catete e foi convidado a ser sócio do Luis, da Mar de Histórias, em Copacabana, que estava falindo. Aceitou na condição de que a Mar de Histórias, virasse sebo.  Assim foi; a livraria se salvou e fui chamado para trabalhar lá. Depois o Marcelo fez o Livreiros Associados, um site com sebos, isso cinco anos antes da Estante Virtual. Mas no momento errado, não havia demanda para essa ferramenta. Também era um bando de livreiros tentando criar um sistema e não deu certo. O André, da Estante Virtual, é analista de sistemas, nunca foi livreiro; não tem conexão especial com livros. Talvez tenha um Kindle e nenhuma estante de livros em casa. Mas a Estante Virtual é uma ferramenta excelente; presta serviço à livraria e ao consumidor. No caso do Marcelo o negócio não deslanchou, não deu dinheiro e enquanto tentávamos viabilizá-lo, criamos três lojas: a Baratos da Ribeiro, a Graciliano do Ramo, também em Copacabana e a Livraria Imperial, no Paço. Mas cada livraria era gerida de forma diferente. Eu fazia uma agitação cultural na Baratos que os outros não achavam tão interessante. Depois de quatro anos os sócios capitalistas que entraram com a grana viram que não tinham retorno e se retiraram. De livreiro mesmo havia eu e o Marcelo. Com a saída dos capitalistas a história do site acabou e depois o próprio Marcelo desistiu de loja física e ficou só na Estante Virtual com o Graciliano do Ramo.

Você está na Estante Virtual?

Não. Fui por um caminho oposto. A Estante Virtual nasceu meio que sob a nossa supervisão. Nos reunimos algumas vezes com o André para dizer o que deu certo na nossa experiência, dar dicas.  Me informatizei antes da Estante Virtual e vendi por ela durante alguns anos, mas depois  vi o André ficar mais duro com os livreiros.  Também achei um erro sacrificar a qualidade em nome da quantidade. Houve uma pressa em chegar a milhões de livros no site e permitir qualquer pessoa se cadastrar como vendedor. Isso gerou uma quantidade monumental de itens mal catalogados. Um ruído imenso que atrapalha quem procura um livro. Não gostei do efeito que esse e-commerce teve no varejo, o dano que isso causou na cidade; o fechamento de vários sebos. Para mim o e- commerce se associa a um estilo de vida quase grotesto. Gosto da cidade à moda antiga onde os prédios têm várias lojas no térreo. É uma delícia ter contato com gente. Não atendo a distância. Não atendo nem pelo telefone. O que digo sobre a internet é que são dois universos paralelos. Cidades mal servidas, em que não há livraria, onde a internet resolveu a escassez.  Mas para quem está em centros como Rio, São Paulo, Belo Horizonte a realidade é outra; há um circuito varejista. Os preços na internet são regulados por lugares onde há escassez, que é a maior parte. O Brasil tem 5 mil municípios, provavelmente, 4 mil e 900 têm escassez. Por isso, nos últimos anos quem resolveu remarcar os preços de acordo com a Estante Virtual começou a falir.  Estava em um sebo, e um concorrente entrou e falou da dificuldade em pagar o aluguel. O dele é 2 mil, o meu são 12 mil. Porque essa dificuldade? Porque os preços dele são quase 50% acima dos meus. Não entendo quem, diante de um mês fraco ache que a solução seja aumentar os preços. Vai contra o bom senso do varejo que provavelmente garantiu a sobrevivência de todos os portugueses e donos de mercearias ao longo da história.

Como se relaciona com os clientes?

Evito fazer atendimento porque estou sempre muito ocupado, mas, trabalho como livreiro há 18 anos e há assuntos que me interessam mais e posso falar de forma mais eloquente: história, teologia, algo na filosofia, poesia portuguesa, geração Beat. Mas nunca me interessei por livros caros e raros. Bibliofilia nunca foi a minha praia. Não é uma loja para bibliófilos. O material mais raro, autografado, vendo para outros livreiros, como o Luiz da Letra Viva, que faz leilão. Isso porque tenho clientes eruditos, como o Waltercio Caldas, o Gilberto Moog, filho do Vianna Moog, Flavio Moreira da Costa, Roberto Muggiati, o Mário, editor da Top Books, até pessoas mais anônimas como o Gabriel Dima Leitão , doutor em filosofia alemã. O Daniel Santos que estava há pouco na loja, ex-seminarista Jesuíta, virou físico e se doutorou sobre o comportamento da radiação nos primeiros três minutos após o Big Bang, depois foi para o mercado financeiro. Gosto de conversar com essa galera. Mas o livreiro especializado em livros raros que custam milhares de reais tem de ter paciência para um tipo de pessoa esnobe, mimada, que se melindra com facilidade, com comportamento quase infantil. Não tenho saco para isso. Gosto de vender, livro ou disco, para quem usa aquilo, para quem pula de alegria, tem um entusiasmo quase ingênuo de quem está descobrindo, desbravando uma área nova. Gosto de vender para gente comum. Cliente que acha que sabe demais também pode ser chato, com um tom professoral. Gosto quando dão abertura para você mostrar sua ignorância. É chato sentir que se mostrar que não conhece o tema será julgado. Se me perguntam por um autor e não conheço imediatamente pergunto “quem é essa pessoa?”. O que me irrita é quando o cliente não dá valor ao que faço por ele. Se me pede uma dica, está me dando um voto de confiança. Não espero que vá comprar 15 livros que ponho na sua frente, mas às vezes o cara pede ajuda, você dá opções e nada está bom; duvida das suas sugestões.

Hoje você está mais próximo dos livros ou dos discos?

O que fazemos com a música reverbera mais do que o que fazemos com literatura. Não que nos dediquemos mais a um ou o outro. O programa de rádio que criamos há 11 anos, o Clube do Vinil, é fácil de fazer e me dá muito prazer. Tem um dia da semana que fico por conta disso, para editar e remixar o programa. Deve tomar umas dez horas de trabalho. Vai ao ar na webrádio Graviola toda quarta-feira às dez da noite e, todo sábado às 18 horas. Depois fica disponível para download. Uma vez por mês temos feito alguma coisa com música ao vivo. Em geral é violão e voz. Muitos dos nossos clientes são músicos, compositores, cantores.  Mas os eventos de música repercutem mais que os saraus de poesia. Temos lançado a revista Madame Eva, editada pelo poeta e contista Felipe Mourão. É sempre muito divertido porque vem um monte de contistas e poetas que declamam algumas coisas e eu fico de DJ. Mas não aparece na mídia. Então rola uma distorção junto ao público que associa a Baratos muito à música quando na verdade se trata da dificuldade que a literatura tem de alcançar o grande público e não o resultado do carinho que temos por uma coisa ou por outra.

O que houve com o Clube da Leitura?

Durou nove anos e depois bateu asas para outro local em Botafogo. O Clube foi criado por mim que era o mestre de cerimônias. Foi no meu primeiro casamento e minha mulher tinha um envolvimento muito grande. Quando nos separamos, por uma questão diplomática, achei que deveria ter uma participação menor porque o Clube era um espaço onde ela tinha muitos amigos, um espaço de sociabilidade. Resolvi me afastar para que ela pudesse continuar frequentando. Disse ao pessoal que estava muito ocupado e o Clube ficaria por conta deles. O grupo passou então a ter uma dinâmica própria e intensa, os vínculos de amizade se fortaleceram. Isso acarretou uma autonomia que para mim foi prejudicial. O fato de estar na Baratos  ficou secundário, quase insignificante. A galera que não mais frequentava a loja pela loja e, por causa deles, tinha de ficar abertos até mais tarde. Em Copacabana, com cinco funcionários não havia problema, mas aqui, com dois, tinha. Fora o fato de eu estar morando aqui e eles ficarem até dez da noite; não podia descer de cuecas para fazer um ovo mexido na cozinha. Aqui, mais que em Copacabana, o fato das reuniões não gerarem aumento no faturamento virou um problema. Tentei mostrar a eles que a dinâmica do encontro tinha de estar ligada à gente olhando as prateleiras, folheando livros e adquirindo. O fato que me tirou do sério e me fez pagar esporro para geral foi quando uma pessoa que veio ao Clube pela primeira vez foi comprar um livro e outra do Clube disse; “não compra, eu te empresto”. Nessa hora ficou óbvia a falta de sintonia.

Outros frequentadores do Clube ganharam fama como o Raphael Montes?

O Raphael frequentou a Baratos desde moleque e foi ao Clube por bastante tempo. Ele estava começando a escrever. Escrevia os contos e apresentava para a galera. A Vivian Pizzinga é outra grande escritora que participava, publicou dois livros pela Oito e Meio, participou de coletâneas por outras editoras. A Danielle Schllossarek é outra grande escritora. O Marcio Menezes, que agora escreve para teatro. A Renata Madel, o Ronaldo Brito Roque, talvez o meu predileto, frequentou o Clube por um tempo e tem o Romance Barato, excelente. Tudo isso foi registrado na primeira antologia de contos, Clube da Leitura - Modo de Usar que tem até um conto meu. Foi editado pela Baratos, teve uma tiragem de mil livros. Foi lançado na FLIP em 2009 e em menos de dois anos esgotou a edição. Quando criei o Clube, queria que tivesse um aspecto lúdico; tinha votação e prêmio. Na primeira rodada as pessoas liam autores publicados e então votavam no texto que gostaram mais. Depois o vencedor servia de mote para as pessoas escreverem novos textos apresentados na reunião seguinte e lidos anonimamente para que também fosse eleito o melhor. O autor ganhava um livro da loja. Mas não queria que a coisa virasse oficina literária e essa é a diferença do Clube para o que é hoje. Para mim a primeira rodada era a mais importante; as pessoas trazerem textos de autores que eu não conhecia ou trechos geniais de livros que nem são tão bons como O Vale das Bonecas. Depois tinha a votação e alguns comentários rápidos que não davam espaço para quem era mais erudito destilar sabedoria e deixar desconfortável quem não tinha nada muito inteligente para dizer. Essa dinâmica de vários autores diferentes escolhidos por votação secreta criava uma adrenalina e nivelava no sentido de criar um espaço acolhedor tanto para quem era muito culto como para quem não era.

Qual é participação da Baratos em eventos fora da loja?

Não temos condições de fazer eventos fora porque a loja funciona dez horas por dia seis dias na semana com dois funcionários. No domingo até dá. Ano passado tivemos a experiência da Ler – Salão Carioca do Livro, curiosa. Mas segundo os meus critérios fracassou. Foi legal no dia, fizemos uma ação em conjunto com a Berinjela o sebo que me inspirou a fazer a Baratos. Mas sou um cara contra pegar dinheiro do estado. Estou na livre iniciativa, isso aqui é capitalismo e acho que temos de ser capazes de nos virar sem meter a mão nos impostos que é para dar benefícios à população. Não gostei de saber que o Salão Carioca do Livro foi possível graças ao dinheiro da Prefeitura. Uma ação como aquela pode ter auxílio público na cessão do espaço, no facilitamento do acesso, ou apoio dos veículos de comunicação institucionais, mas não que a Prefeitura, no estado de penúria em que se encontra, bote dinheiro na conta de uma produtora. A Prefeitura tem suas escolas; se a linha de frente é formar novos leitores a ferramenta maior são as bibliotecas. Não creio que a rede municipal esteja assistida com relação a elas. Quando o Salão foi desmontado vi a quantidade de material jogado no  lixo.  Não tem de ter coquetel de lançamento com garçons. Se o dinheiro é público o mendigo da Praça Mauá deve estar habilitado a participar; não é um evento privado. Houve mecanismos para filtrar a frequência. O evento em si foi bom mas não o suficiente para me fazer engolir esses nós. Além disso, tivemos atrações culturais produzidas por nós de graça e só depois soubemos da verba da prefeitura. Na próxima não vou ter cara de pau de pedir a ninguém para fazer qualquer coisa de graça sabendo que tem uma empresa com essa verba. Eu também vou querer ser pago.

Hoje a Baratos tem também um brechó de roupas?

Quando mudamos para cá, não tínhamos dinheiro para um outro aluguel e no primeiro ano eu e minha mulher moramos aqui, na suíte do segundo andar. Foi uma experiência terrível. Os limites eram difíceis porque a maioria dos meus amigos começou como clientes; e se eles estavam aqui como fazer para se tocarem que era hora de ir embora, que estávamos cansados. Quando saímos para o novo endereço esse quarto que ocupávamos virou um cômodo coringa que no começo transformamos em uma sala de estudos onde os clientes podiam usar o laptop, ou até usar de biblioteca. Virou uma sala multiuso onde houve alguns cursos, aula particular para meia dúzia de alunos. Depois uma amiga estilista propôs ocupá-lo aos sábados com pessoas que trabalham com moda. Gente com uma produção pequena de peças exclusivas, feitas com reciclagem. O Sávio da Meu passado me condena, que não tinha mais interesse em ter loja e que já havia exposto aqui, propôs montar um brechó provisório, uma pop up store. E ficou seis meses. Nesse mercado de brechó muita gente só faz evento, por não ter volume para uma loja. Mas às vezes estão com muito material e ficar aqui dois, três meses, vira uma solução. Agora estamos com a Beca Brechó, da Ana Paula Muniz que deve ficar até setembro.

Por que o espaço maior não é aproveitado para um serviço de café?

Por três motivos. Porque um bar aqui me impediria de usar esse espaço onde está a minha coleção de discos e onde gravo o programa de rádio e tenho as atividades musicais. Também teria de ter uma pessoa a mais para cuidar do bar, da dispensa e do atendimento. E terceiro é que quando as pessoas têm as coisas de graça elas acham tudo bom e maravilhoso. Se o café é de graça, ele é uma delícia. Quando elas pagam por alguma coisa nunca é bom o suficiente. O adoçante tem aspartame, a xícara não é boa. Só cobro por aquilo que faço bem que são os livros e discos que estão aqui à venda, que são ótimos e incríveis.

13/07/2017