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O Festival do Leitor

 

A segunda edição da Ler - Salão Carioca do Livro  marcou a reabertura da Biblioteca Parque Estadual onde milhares de pessoas participaram, durante quatro dias, de centenas de eventos em torno do livro e da leitura.


Com as instalações recuperadas para a Ler , a Biblioteca Parque Estadual  foi um cenário perfeito


A primeira edição do evento, em 2016 , surpreendeu com a ocupação de dois armazéns no Piér Mauá para falar de livros em cenário inédito, de frente para o mar. A segunda edição na Biblioteca Parque, também causou impacto.

Fechada desde dezembro de 2016 pelo governo estadual por falta de verbas para pagar os mais de cem funcionários a Biblioteca Parque havia sido reinaugurada em março de 2014 depois de ficar quase seis anos em obras durante o governo Sergio Cabral.

Repaginada pela dupla de arquitetos Bel Lobo e Bob Neri,  que também assina o visual das lojas da Livraria da  Travessa, a Biblioteca Parque surpreende pelo modernismo das instalações que a adequaram  à nova realidade multimídia de aprendizagem.

O espaço foi ocupado por dezenas de estandes de livrarias, editoras e mini auditórios onde aconteceram simultaneamente palestras, oficinas e lançamentos de livros, todos bem sinalizados com painéis eletrônicos  com dia e hora do evento ao lado do local.

Entre as atrações houve nomes consagrados no mundo literário como Ana Maria Machado,  Ruy Castro e Raphael Montes , da televisão, como Lázaro Ramos, Kassia Kis e Luana Piovani, e da música, como Martinho da Vila e Nei Lopes; todos falando sobre livros e leitura.

A Ler, teve também mais uma plenária do Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Rio de Janeiro que vai implantar uma política pública para o setor. Nele, a principal reivindicação da AEL é que o governo respeite a cadeia produtiva do livro e faça as compras para os acervos de bibliotecas em livrarias.

Este ano houve um número menor de livrarias na Ler ; estavam lá a Berinjela, Blooks, Copabooks e Leonardo da Vinci e  duas religiosas ligadas à grandes editoras, a CPAD e  a Paulus. Em contrapartida, aumentou o número de editoras, a maior parte pequenas como Aquário, Malé, Lago de Histórias e Rolimã.

Elisa Ventura, da Blooks , achou o evento espetacular, bem montado e democrático, com  atrações para qualquer público; “Em meio à decadência que está o Rio,  o país e o próprio mercado isso é um oásis”, disse; “Melhor que a primeira edição, com mais atrações para o público infantil”.

Já Susana Zanella da Paulus e Charles Belmonte da CPAD  se queixaram da localização dos estandes numa área  com poucos eventos o que gerou menor interatividade com o público. Segundo Susana foi uma situação ocorrida na primeira Ler que se repetiu nessa edição.

Isaque Lerbak, diretor da AEL concorda que se não for feita uma melhor distribuição das livrarias entre os eventos a tendência é o número delas diminuir ainda mais na próxima edição. Mas  elogiou a localização do evento, perto da Central do Brasil e de estações do Metrô, o que facilitou o acesso e gerou um bom público.

Para Jerônimo Vargas, da Escala Eventos, organizadora da Ler , o balanço entre as duas edições leva em conta que; “a primeira marcou pelo jeito  diferente de mostrar um evento literário e nessa o destaque foi para o papel social do Salão ao propiciar a abertura da Biblioteca Parque.”

Os investimentos que seriam feitos em um local como o Piér Mauá foram relocados para abrir a Biblioteca, explicou ele; “o espaço estava degradado, fechado há dois anos e foi colocado para funcionar sem nenhum recurso público, tudo captado pela Lei Rouanet.”

Para ele, o legado deixado pela segunda edição da Ler é a Biblioteca estar perfeita, sem goteiras, com ar condicionado, iluminação  e elevador em ordem e cabe ao governo estadual correr para manter o espaço nas condições que recebeu de volta.

Jerônimo garante que a partir de agora a Ler será um evento anual, sempre no primeiro semestre e sempre com uma novidade. Ela não aconteceu ano passado porque; “2017 foi um ano que não existiu, esse também está ruim mas conseguimos.”, disse.

A segunda Ler teve como subtítulo O Festival do Leitor e não Salão Carioca do Livro, como na primeira, mas segundo Jerônimo a mudança esse ano foi em função da participação que os leitores tiveram na escolha das atrações  e o subtítulo oficial continuará Salão Carioca do Livro.

Apesar de evidenciar a popularidade esmagadora do livro tradicional , a edição deste ano também  deu possibilidade aos visitantes, como na primeira, de baixar livros através do celular e teve participação de destaques do mundo digital.

A Estante Virtual estava presente com monitores para mostrar seu site aos que não conheciam, e fez campanha recolhendo livros usados  para bibliotecas públicas com o  mote “Eu leio, amo, reuso livros” impresso em adesivos e marcadores de livros dados ao público.

Ao lado  estava a  Amazon em um estande com sugestões de leitura em livros para o mês de maio e flyers numerados que  davam descontos de 10% nas compras no site.

Alguns metros na posição oposta aos grandes do mundo virtual , ficou o mais novo livreiro estabelecido no Rio;  Ivan Costa Silva que  inaugurou o Sebo Belle Époque em janeiro no Méier e dividiu um estande com o sebo Berinjela.

Sua história no mercado começou em 2008  quando entrou para a  Leonardo da Vinci, onde se encantou pelo mundo dos  livros. Depois foi para o  Berinjela, no mesmo edifício  e  mais tarde ganhou autonomia com a venda de  livros transportados em uma bicicleta que levava o nome; O Livreiro Errante.

Sintonizado com a tendência da livraria independente na interação com  a comunidade, o Sebo Belle Époque  faz eventos na rua, aos sábados; de saraus, aos tradicionais lançamentos e  clube da leitura com venda de sanduíches de pão francês com linguiça. “Para atrair o povão”,  Ivan diz já ter os copinhos com o nome do novo evento “Cachaça Literária”.


21/05/18