A mobilização pelas livrarias
Profissionais do livro e sociedade se mobilizam para atenuar a crise no mercado livreiro e a Associação Nacional de Livrarias lança a campanha #vempralivraria para incentivar as vendas de Natal.
No site da ANL pode ser baixada a arte com o tema em formato para diferentes redes sociais. A campanha visa não só levar o leitor à livraria neste Natal mas também que ele partilhe suas experiências com o livro.” Um gesto simples como presentear alguém com um livro pode mudar para melhor o curso de uma vida” diz o presidente da ANL, Bernardo Gurbanov . A campanha já teve adesão de grandes redes como a Saraiva, Cultura, Curitiba e Leitura; “Estimular as pessoas a visitar livrarias, conhecer a ampla variedade de obras disponíveis a todos os perfis de leitores e assim fomentar o amor aos livros é sempre uma ação bem-vinda”, disse Marcos Pedri, da Livrarias Curitiba. Para Sergio Herz, da Cultura “É uma iniciativa muito importante, na contramão desses tempos desafiadores para o setor.” E Jorge Saraiva Neto, da Saraiva, diz que “temos a responsabilidade de incentivar e criar movimentos motivadores, como o #vempralivraria.“ A mobilização nacional em favor do livro e livrarias, no entanto, começou a partir de uma carta aberta do editor Luiz Schwarcz, divulgada em 27 de novembro com ampla repercussão não só no meio editorial mas entre o público em geral. Nela Schwarcz fala das dificuldades na sua editora em função da crise das duas grandes redes, Saraiva e Cultura; que além de provocar a diminuição no número de lançamentos da Companhia das Letras o fez demitir funcionários. Ele pediu que todos escrevessem cartas de amor aos livros e presenteassem com eles no Natal. No dia seguinte o jornal O Globo publicou uma extensa matéria onde cerca de 30 personalidades declararam seu amor ao livro em cartas como sugeriu Schwarcz; entre elas as cantoras Marina, Joyce e Fafá de Belém, as atrizes Grazi Massafera e Fernanda Torres, os escritores Milton Hatoum, Tony Belloto e Marco Luchesi. Editores, livreiros e leitores também reagiram ao pedido de Schwarcz. No dia seguinte à carta, o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Marcos da Veiga Pereira, em vídeo de cerca de um minuto incentivou os leitores a comprarem um livro em uma livraria, postarem a ação nas redes sociais e desafiarem três amigos a fazerem o mesmo. A campanha com o nome #desafiodaslivrarias teve adesão de famosos como os jornalistas, Zeca Camargo, Fátima Bernades e a atriz Gloria Pires que, no vídeo postado por ela, fala da importância dos livros para quem interpreta personagens e desafia o marido, o cantor Orlando Moraes e as filhas Cleo e Antonia a aderirem a campanha. No mercado porém houve reações contrárias à carta do editor da Companhia das Letras; Pedro Paulo Graczcki, pequeno comerciante de livros do interior do Rio Grande do Sul acusou Schwarcz de nunca ter tido solidariedade com a classe livreira. Segundo ele, grandes editoras como a Companhia das Letras desprezavam as pequenas livrarias em função das grandes redes como Saraiva e Cultura e, agora que estas agonizam, pedem socorro; “Bem feito, vocês nos ferram há muitos anos”, escreveu ele em artigo publicado no jornal Já com o título Carta a Luiz Schwarcz. O editor e jornalista Thales Guaracy, lembra que Saraiva e Cultura eram responsáveis por quase metade do faturamento do mercado editorial nacional no artigo Não há crise do livro e sim do mercado editorial publicado no jornal A República. Segundo ele, Schwarz lamenta a situação da Companhia das Letras mas a vendeu recentemente para a antiga sócia, a Penguin Random House; “ Ficou ainda no comando executivo da empresa, mas livrou-se diretamente da responsabilidade pela encrenca financeira.” “A culpa pela crise das livrarias não é do livro, ou do cliente - o leitor. É das próprias grandes empresas que, sem visão de mercado, do leitor e dos negócios, tomaram as piores decisões possíveis nos últimos anos.”, sentencia ele.
05/12/2018 |