A Corrida para o Livro Digital Imprimir

O livro digital foi um dos temas do debate na 21 a Convenção Nacional de Livrarias, dia 31 de agosto, no Rio de Janeiro. Cinco convidados, entre eles a diretora da AEL, Milena Duchiade, debateram com uma plateia de cerca de 300 profissionais.

 

Os debatedores Marcos Merlin, João Henrique Grossi, Milena Duchiade, Marcilio Pousada e Camila Cabete

Os debatedores Marcos Merlin, João Henrique Grossi, Milena Duchiade, Marcilio Pousada e Camila Cabete

 

Um dos patrocinadores da Convenção foi a Xeriph, primeira distribuidora de livros digitais do Brasil. Fundada em 2010, cresceu rápido. Em agosto deste ano vendeu mais que nos seus primeiros 11 meses de vida e tem hoje o maior conteúdo em português do mundo.

José Henrique Grossi, gerente comercial da Xeriph, disse que em 2012 “o bicho vai pegar” e quem não correr vai ficar de fora. Mas acha que o mercado livreiro não terá o mesmo destino da industria fonográfica, muito prejudicada pela música digital.

Porém, “as livrarias vão ter de agregar valor aos serviços que oferecem e um deles é o livro digital” disse Grossi. Hoje a Xeriph reúne 104 editoras e até janeiro deve ter 10 mil títulos no acervo com uma média de 40 a 50 livros anexados por dia.

Grossi disse que a Xeriph trabalha o livro digital nas mesmas condições comerciais do livro físico em termos de descontos. Mas lembrou que se no mundo físico há muito livro para pouca prateleira, no digital ainda há pouco livro para muita prateleira.

Camila Cabete, gerente editorial da Xeriph, diz que há diferenças entre o consumidor do livro digital. “Ele compra o livro e quer começar a ler em segundos; os best sellers digitais são outros, pois o cliente não tem vergonha de comprar anonimamente romances açucarados”.

Segundo ela, o leitor de livros digitais passa cerca de 9 minutos no site da Gato Sabido, loja vinculada à Xeriph, o que para a Internet é um tempo longo. Camila diz que a pirataria de livros não será tão grande como a de discos pois há o risco de comprometer o conteúdo.

Explica que ainda há dificuldades em converter o livro didático para o digital por que este tem maior interatividade com o leitor. Mas no nível superior e profissional os didáticos já são um sucesso, sendo os advogados os clientes mais fiéis.

Marcos Merlin, da Via Logos, fornecedora de software para livreiros, afirmou que as livrarias têm de se adequar tecnicamente e em termos de gestão, para a comercializar o livro digital. Nesse caso todas podem entregar o livro com a mesma velocidade das grandes redes.

O Diretor Presidente da Livraria Saraiva, Marcilio Pousada vê a entrada da rede no mercado digital como mais um salto qualitativo. O primeiro foi a abertura da primeira mega store, em 96,depois o site, em 98, e mais recentemente ,em 2008, a compra da rival Siciliano.

Marcilio diz que a Saraiva está preparada para a corrida digital e que em 2020 terá de 10 a 15% do acervo digitalizado. Segundo ele a rede é a maior vendedora de I Pads no Brasil e hoje também oferece serviços na área de revelação digital de fotos e venda de filmes.

Segundo ele essa tendência pode ser confirmada na Amazon Books. Ela divulga que o melhor produto da empresa , é o Kindle, seu leitor digital. E hoje as 7 primeiras categorias da barra lateral do site da Amazon são produtos digitais.

Mas, para a diretora da AEL, Milena Duchiade, a Amazon está fadada ao insucesso por que o Kindle só lê os livros da Amazon. Ela lembra o caso da Sony que lançou as fitas de vídeo Betamax que só eram lidas nos aparelhos Sony e por isso perdeu o mercado para as VHS.

Milena apresentou ao público o site Place des Libraires com várias livrarias francesas.Mostrou que ali um livro digital é mais barato que a versão em papel mas mais caro que a versão pocket. E disse que a França vai votar a lei do preço único para o livro digital em breve.