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Livro didático em campo minado


Professores descapacitados  e editoras que vendem direto aos alunos, ignorando as livrarias, são agruras do mundo dos didáticos discutidas no programa Conexão, do Canal Futura, que teve participação do diretor da AEL, Isaque Lerbak.

 

A jornalista Karen de Souza, o president do SNEL, Marcos Pereira, e o director da AEL, Isaque Lerbak

Mediado pela jornalista Karen de Souza  a atração, com o tema "O livro didático no Brasil"  fez parte da programação especial de volta às aulas da emissora, em fevereiro, e contou  também, como convidado, com  o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Marcos Pereira , da Editora Sextante.

A venda de livros didáticos nas escolas pelas editoras, contra a qual a AEL protesta há vários anos através da campanha  "Livro se compra na livraria e não na escola" foi um dos temas  e Isaque, dono da Livraria Eldorado que, segundo ele, tem o livro didático no seu DNA, criticou a prática e afirmou que, ao pular as livrarias, as editoras dão um tiro no próprio pé.

Mais político, o presidente do SNEL, Marcos Pereira, acredita que  as livrarias podem manter uma relação com as escolas para saber quais livros serão adotados e os encomendar  com antecedência às editoras para conseguir participar ativamente desse mercado no início do ano letivo.

Mas os dois   concordam quanto ao despreparo dos professores  . "O maior desafio para a educação brasileira é a valorização e transformação do professor. " disse o presidente do SNEL, que qualificou o livro didático brasileiro de muito bom mas  que não reflete a qualidade do nosso ensino.

Isaque, que trabalhou durante anos como divulgador de uma editora junto às escolas, culpa o despreparo dos professores à falta de tempo: "Eles têm de dar aulas em duas ou três escolas para formar um salário para sobreviver, não lêem e  ficam na mão dos divulgadores das editoras para escolha de livros".

O programa também discutiu a presença do livro digital na educação.  Marcos Pereira lembrou que todas obras compradas pelo governo são entregues também em formato digital para uso na sala de aula enquanto Isaque acredita em uma sobrevida do livro tradicional pela possibilidade que dá  de maior de interação com o aluno no processo educativo.

Questionado por Karen sobre a afirmação do Presidente Jair Bolsonaro de que é preciso suavizar o livro didático e que o aluno tem  é de  aprender regra de 3, Marcos Pereira citou pesquisa do Instituto Pró-Livro divulgada em 2019 que mostra que crianças que lêem literatura têm um desempenho melhor tanto em português quanto em matemática.

"Criança tem de aprender regra de 3", disse ele, " mas se não souber ler não consegue entender o enunciado da pergunta que envolve a regra de 3". Segundo Marcos, o desafio na educação brasileira não passa pela simplificação mas pela capacitação.

Assista o programa "O livro didático no Brasil ", aqui.

12/02/2020