Grande contra pequeno |
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Enquanto o comércio do livro infanto juvenil floresce, a guerra entre grandes e pequenos no mercado editorial livreiro não dá trégua. Foi o que se viu no 16° Salão FNLIJ para crianças e jovens que em sua abertura promoveu uma discussão sobre o varejo e as políticas governamentais.
O Salão do Livro Infanto Juvenil prossegue até dia 8 de junho homenageando este ano a Argentina
Pelo quinto ano consecutivo o Salão teve em sua abertura, nesta quarta feira, 28, o encontro Nacional do Varejo que, segundo a organzadora, Isis Valéria Gomes , presidente do Conselho Diretor da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, pretende ser um elo entre editores e livreiros. Os temas do encontro foram " O impacto do PNBE e outros programas de leitura nas livrarias" e " Ações especiais de promoção da leitura em livrarias". Com participação de representantes dos livreiros e editores o encontro mostrou que o mercado infanto juvenil continua crescendo na medida em que crescem as diferenças entre editoras e livrarias grandes e pequenas. O presidente da AEL, Antonio Carlos de Carvalho, foi o primeiro a disparar contra o mercado livreiro que qualificou de amador. Disse que faz tudo para atrair o leitor até sua livraria e muitas vezes não pode atendê-lo porque a logística das editoras é do tempo do império. "Há muita má vontade com a pequena livraria" concluiu. Ednilson Xavier, presidente da ANL, que diz promover até festa de aniversário na sua loja para atrair público, acusou as editoras de estarem esquecendo que o livreiro é o mediador da leitura e do papel social das livrarias . Segundo ele, as editoras só se preocupam com o governo, as grandes redes e a venda nas escolas. Victor Tavares da CBL também reclamou das editoras dizendo que elas qualificam os clientes em segmentos que vão do AAA ao A e os que estão fora dessa categoria saem prejudicados. Disse que quando o cliente não encontra o livro na sua livraria acha que esta é que está sem crédito junto à editora. Enquanto isso, a representante da Record, Anna Maria de Oliveira Rennhack, aproveitou seu tempo de fala para promover um novo lançamento da editora e enquanto apresentava imagens da nova coleção em slides um colega da empresa distribuia sacolas de pano entre os particpantes com catálogos relacionados ao produto. Para ela , no mercado livreiro é " grande engolindo grande " mas garantiu que com relaçâo às políticas públicas de compra de livro as coisas estão mudando e que na edição 2014 do PNBE a verba governamental foi pulverizada entre várias editoras. Nisso foi contestada por Cristina Warth, da Libre, sob alegação de que na área dos didáticos o monopólio continua e que a pulverização na verdade mascara o grande número de novos selos pertencentes aos mesmos grupos editoriais, além de "selos de aluguel" pequenas empresas que emprestam seu CNPJ para maiores. Cristina reclamou da falta de espaço dos pequenos editores nas livrarias e disse que as associações têm de trabalhar de forma conjunta. Para ela a venda de livros nas escolas é uma ameaça maior para o mercado que o livro digital. Ela também tem medo de uma mediação exclusiva dos professores nas compras do governo, como defendeu Amir Piedade, da Editora Cortez. Acha que os professores podem sofrer pressão das editoras na indicação de títulos e é melhor que a escolha continue com técnicos qualificados do governo. A diretora da AEL , Milena Duchiade, aproveitou o encontro para divulgar dados que a associação vem analisando sobre os interesses de compra dos professores da rede municipal através da troca do vale livro , com valor de R$ 55,00 , distribuido a cerca de 35 mil profissionais. Segundo a pesquisa 19,1 das trocas em 2012 foram para livros na área infanto juvenil. A presidente da CBL, Carine Pansa esteve na Feira de Livros Infantis em Bolonha, na Itália, considerada o evento mais importante neste segmento. Este ano o país homenageado foi o Brasil, e o ilustrador Roger Mello ganhou o prêmio Hans Christian Andersen , o Oscar da ilustração infantil. "Estamos mostrando que a gente pode produzir", comentou. Já Mileide Flores da Livraria Feira do Livro, no Ceará, argumentou que o Brasil é um ótimo produtor mas um péssimo consumidor. Ela defendeu o envolvimento das livrarias nas compras do governo e acha que essas têm de se unir em torno de uma bandeira nacional que pode ser a Lei do Preço Único para o livro. Mas se no Brasil a situação é difícil, na Colombia, um dos paises onde se mais lê na America do Sul parece pior, segundo relato de Maria Osório da Livraria Babel. Para um país de 44 milhões de habitantes existem apenas 78 livrarias, sendo 26 independentes e o resto dividido entre duas redes. Lá, outro fator preocupante é a invasão de livros espanhois e de outros países com o mesmo idioma. Desse problema o Brasil está livre já que a produção em Portugal é pequena e não interfere no mercado nacional. |