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Livrarias cariocas nos tempos de Covid-19
Fechadas ao público, várias atendem on-line ou por telefone e já se mobilizam para que a população, após o isolamento social, prestigie o comércio local para revigorar a cidade.
Nos Estados Unidos, a campanha Buy Local influenciou o ressurgimento de livrarias independentes ao incitar a compra no comércio do bairro e os livreiros cariocas querem que algo parecido seja feito no Rio de Janeiro. A Livraria Eldorado, do diretor da AEL Isaque Lerbak, investiu no marketing pela internet em cupom enviado aos clientes com oferta de desconto e frete grátis durante a quarentena. Ao finalizar, o texto da promoção diz : "nesse período, só a empatia pode nos salvar, apoie a sua vizinhança e compre no comércio local". Para Isaque, que, mesmo em tratamento quimioterápico para se recuperar de um câncer, tem ido à livraria todos os dias, uma campanha maior de apoio ao comércio local deve ser feita pelos livreiros em conjunto com a Associação Comercial do Rio de Janeiro para revitalizar a cidade e manter o dinheiro da população aqui. Benjamin Magalhães, da Livraria Lima Barreto, também acredita na força do incentivo ao comércio local: aderiu à campanha da Estante Virtual #compredospequenos e envia a hashtag junto aos agradecimentos aos clientes da livraria. Ele também tem ido à loja todos dias despachar encomendas pelo correio e atender os que marcam pelo telefone para buscar livros na porta da galeria. Para Benjamin, as livrarias devem ser qualificadas como serviço essencial, igual às farmácias: "os livros, sim, salvam cabeças e, salvando cabeças, salvam vidas". Ele acredita que o isolamento social irá aumentar o comércio on-line de livros, fazendo com que mais leitores acessem esse canal de vendas, mas aposta que terminada a quarentena o público voltará às lojas e lembra que as pessoas precisam de contato humano. Rui Campos, da Livraria da Travessa, que mantêm o atendimento on-line, diz, no entanto, que o aumento nas vendas pelo site não está expressivo; foi de no máximo 10%. e o movimento alí continua a corresponder a entre 10% e 13% do faturamento da rede, como antes. Em Portugal, onde a Travessa inaugurou uma loja em 2019, as livrarias foram qualificadas como serviço essencial e podem funcionar com vendas à porta da loja, mas segundo Rui o movimento é fraco: "a livraria fica numa rua super movimentada, que agora parece cenário deserto de um filme de ficção científica". Outros livreiros, como o presidente da AEL, Antônio Carlos de Carvalho, da Livraria Galileu, suspenderam inclusive o comércio on-line; o período de quarentena está sendo aproveitado para manuntenção no site da rede. Já Marcos Vinicio Cunha, do Buriti Sebo Literário, retirou o acervo da livraria da Estante Virtual por alguns dias. Aos 70 anos e tendo tido problemas respiratórios em 2019, ele se mantêm em quarentena e também questiona a eficiência dos Correios em despachar encomendas nesse período; durante vários dias, o serviço não chegou a sua residência no Jardim Botânico. Até o início do isolamento social, o mercado de livros apresentou crescimento em 2019. Segundo o Paínel do Varejo de Livros no Brasil, divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros, nesta segunda feira, 6, entre janeiro e março houve um aumento de 2,68% em volume de vendas, comparado ao mesmo período em 2019, e de 1,68% em faturamento. Veja aqui as livrarias que mantêm atendimento on-line e por televendas durante o isolamento provocado pelo Covid-19.
08/04/2020 |